
"Mê vê uma inteira pro
Duro de Matar". E eu que achava que nunca mais uma frase dessas... mas quem sabe do que essa americanada ainda é capaz?
Duro de Matar 4.0 (2007) é bem decente, tirando o mofo aqui e ali e aquele cheiro teimoso de produto genérico. Se Len Wiseman não é nenhum John McTiernan, o tal terrorismo virtual rende umas partes boas, como a mixagem com discursos de vários presidentes dos EUA (primor de edição) e outros momentos que sugerem um algo mais (isso vindo de um blockbuster). Pena que a ação é sem sentido demais, e o filme acaba ultrapassando a fronteira da burrice umas quantas vezes (agora que não vejo
Underworld MESMO).
Nada que diminua o carisma do McClane, claro. E é bom esse empresário do Bruce Willis, heinhôôôô...! Sucesso de TV na Gata e o Rato, papando a Demi Moore por uns bons tempos, com pelo menos dois filmes perfeitos no currículo (
Pulp Fiction e o primeiro
Die Hard), outros quase-quase (
Sin City,
Os 12 Macacos,
Nobody's Fool, os dois com o Shyamalan), sempre com alguma coisa interessante por estrear (em breve,
Fast Food Nation e
Planet Terror num cinema perto de você) e ainda com tempo pra tocar o terror na bandidagem, Willis podia estar no próximo Pan. Viagra neles!
Nota 7,5.
Assistir a
Treze Homens e um Novo Segredo (2007) é enxergar meu pai vendo um daqueles quadros da Praça é Nossa ou qualquer mongolice com Ronald Golias ou o Márcio Canuto. A gente acompanha a função com um sorriso bobo constante, parece que aqueles caras já são amigos de anos e a piadinha que vier, vem bem. É Soderbergh em estado de graça, assumindo o papel de Blake Edwards moderninho, com mais uma trilha feladaputa de David Holmes, dentes e ternos nos trinques e a fotografia estourando que ela só. Agradável também o Al Pacino, que amo de paixão mas, vamos combinar, de uns anos pra cá não tá dando, hein? Sua participação segue a canastrice de luxo do Andy Garcia no outro capítulo, mas Pacino é Pacino; ainda que "agradável" seja um insulto pra quem fez
Um Dia de Cão.
Ocean's Fourteen com Dustin Hoffman?
Fifteen com De Niro? Pago pra ver (ou então que alguma
viv’alma o faça de novo).
Nota 8.
Como assim, então numa animação não interessa o diretor?
Shrek Terceiro (2007) não é uma meeeeerda, apenas mais uma máquina de vender McLanches para infelizes, a.k.a. crianças bem pequenas e que ainda não sabem como isso tudo podia ser bem mais engraçado. Quem é esse Chris Miller que não consegue criar uma única gag que eu me lembre? E qual personagem novo tem graça, me diz?! Cadê os peidos na lama, cadê Pinóquio de calcinha, cadê passarinho explodindo? Bosta. O ogro se vendeu.
Nota 6.
Pra vocês verem que direção é tudo, no gênero que for, basta conferir a belezinha que é
Ratatouille (2007). Brad Bird veio da animação "desenhada" do sensacional
O Gigante de Ferro, fez o melhor filme de ação recente com o digital
Os Incríveis e agora, autor estabelecido, revela ao mundo que "rato" e "bom gosto" podem caber numa frase só. Filme lindo. P.S.: O curta que passou antes,
Quase Abduzido, é mais uma joinha da Pixar.
Nota 9.
Falando em direção, ou na falta dela, como chineleiam esse Michael Bay! Motivos realmente não faltam, porém acho que depois de
Transformers (2007) o povinho vai dar uma trégua pro moço. Só a seqüência final deve durar uns 35 minutos, é porrada em cima de porrada, uma overdose de megaquaquicibéis mas com um certo charmezinho Spielberg anos 80, tipo
A Casa Monstro em live action. Tá, bem menos, afinal, é só o Michael Bay. Que mesmo com toda sua ojeriza pelo ser humano, os fotografa como ninguém. Vejamos esta Megan Fox: que lataria!
Nota 7,5.
Saneamento Básico, O Filme (2007) é a comédia hilariante do ano, até então. A dancinha do Wagner Moura interpretando um ET, o Monstro do Fosso!, é de se molhar as calçolas. Posso estar viajando, mas Furtado me parece um John Hughes mais crescido. Humor de turma é com ele.
Nota 8,5.
Traz uma sensação de vazio esse
Não por Acaso (2007). Os atores estão no lugar, o roteiro está no lugar, os cenários idem, tem vida ali, sutileza. Mas falta, acho, um descontrole na direção, que é justamente o que o filme tenta pregar, que a gente anda muito controlado, muito apegado e acorrentado ao nosso meio e às tais "regras da sociedade". Desencana, Barcinski! Ainda assim, é cinema nacional na veia e eu nem sei do que é que eu tô reclamando. Se era essa a intenção do cara que fez
Palíndromo, um dos nossos grandes curtas, quem sou eu pra me queixar?
Nota 8.- - -
E essas foram minhas sessões mais recentes em salas de cinema a 60 quilômetros de onde moro, com cada vez menos povo à minha volta e driblando o império das cópias dubladas. ...O inferno, já?
Vejo o Divx ali como uma ferramenta pra a) essas preciosidades asiáticas-européias que não chegam aqui - Takashi Miike é um soco na cara e um chute de fincão no saco; b) coisa velha - uns antigão do David Lynch, do Argento e do Romero também são bem-vindos, essas podreiras de
Toxic Avenger e
Cannibal Holocaust, que loucuuuura aquilo; c) as baboseiras de plástico que me cansam a beleza e não fazem valer o ingresso salgado - Jack Sparrow, Quarteto Fantástico com o mesmo diretor merda-seca... E era isso. Deus me livre ver
Death Proof no computador.
Cara, morreu o BERGMAN.
O Antonioni já tinha ido há anos. Só vi dois dele.
Blow-Up traz tudo de bom e de ruim que só um porre consegue proporcionar.
Zabriskie Point, eu gosto bem mais e matei aula do cursinho pra ver de tarde na TNT. Massa, aquela casa explodindo com Pink Floyd de fundo. Preciso de TV a cabo.
E fechou o Cine Figueiras e eu nem falei nada, e eu vi lá
Babe, um Porquinho na Cidade e
O Senhor dos Anéis e
O Informante e
Beleza Americana e
Sin City, e agora só existe o Cine Dunas lá longe, e eu me arrependo de não ter ido mais lá, e eu vou parar senão eu choro de novo.
No fone: Lasciva Lula - Miolos