12/27/2005

Chow-show


Overdose de alegria, teu nome é Kung Fu Hustle.
Admito que não achei o filme anterior de Stephen Chow, Shaolin Soccer, a última Coca-Cola do deserto. Me diverti a valer, claro, mas depois de tudo que se falou sobre ele, esperava mais. Mas, meu Deus, que que é esse aqui? São, sem exageros, os 95 minutos mais delirantes que já acompanhei em duas décadas de cinefilia, a mais perfeita tradução de um desenho animado em carne-e-osso. Daqueles raros filmes que nos levam a pensar que, quando já chegaram ao limite com a sua história, acabam nos surpreendendo ao oferecer algo ainda mais absurdo. É leve, descontraído, ágil, despretensioso, cartunesco, inovador, sempre engraçado. Inclassificável (querem mais adjetivos?).
O roteiro é digno de um daqueles clássicos dos Trapalhões, mas isso é o que menos importa. Ambientado na China dos anos 40, mostra dois malandros que se fazem passar por integrantes da Gangue do Machado - até serem descobertos por eles. Eles decidem recorrer à ajuda de um bando de vagabundos que vivem num cortiço, sem saberem que eles são, na verdade, mestres de kung-fu à paisana.
O que se segue é um festival de pancadaria, amparado por muitas gags ingênuas e efeitos visuais e sonoros dos mais criativos. Mas o verdadeiro atrativo de Kung Fu Hustle está na sua galeria de personagens, er... peculiares. Algo de se mijar rindo! Não tem graça ficar falando sobre cada um deles, por isso recomendo que tirem a teima por conta própria. No meio disso tudo, o ator e diretor Chow (olho nele!) ainda arranja tempo para homenagear alguns de seus filmes preferidos (O Iluminado, Forrest Gump, Homem-Aranha, Bruce Lee, desenhos da Warner Bros., animes, westerns-spaghetti, musicais...). De fazer babar qualquer fã de cinema.
Ah, e quem não me conhece não vá pensando que, só porque dei um 9 ontem ao King Kong, sou daqueles que se derretem por qualquer coisa. Porque esse aqui, ao menos pra mim, não merece menos que isso. Nota 9.
No fone: Von Bondies - "In the Act"

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