6/02/2006

Que venha junho!

Se o mundo é dos mutantes, Brett Ratner acaba de virar uma borboleta. Seu X-Men: O Confronto Final não só extermina todas as dúvidas que pairavam sobre sua (falta de) capacidade em dar seqüência ao ótimo trabalho de Bryan Singer, como consegue ser o mais bem-acabado episódio da trilogia. Fazendo a festa dos marvelmaníacos, temos atores ostentando penteados bizarros com impressionante dedicação, e efeitos (da neozelandesa Weta Digital) saúdam a inteligência de uma trama bem amarradinha e sempre boa de acompanhar. Curti o Fera também. Só uma confissãozinha nerd: sonho em ver um dia, num mesmo filme, Wolverine, Colossus, Ororo, Ciclope, Fera e Noturno. Nos meus áureos tempos de Superaventuras Marvel, esses eram porradas. Nota 8.

Então vou dizer: demorei um pouco a amar Kill Bill - Vol. 1. Isso aconteceu na segunda ou terceira espiada no filme. Mesmo urrando de prazer com aquela mistureba de kung fu clássicos, animes e blaxploitation, eu sabia que o Quentin era mais do que aquilo. Ele beirava à perfeição, mas não era perfeito. Nota 9,5.


Já com o Vol. 2 foi o contrário. Amor à primeira vista. A segunda parte mostrou um diretor com plena noção de seus superpoderes, capaz de soltar diálogos definitivos aqui e ali, comandar cenas de ação com a agilidade de uma Daiana dos Santos, empilhar clímax em cima de clímax, e inovar com uma seqüência de quase dois minutos totalmente às escuras (a do caixão). Mas o grande diferencial eu demorei a entender qual era. Os atores. Como num passe de mágica, canastrões eméritos como Michael Madsen, David Carradine e Daryl Hannah adquirem a envergadura de atores de verdade. E o Pai Mei, então? Um dos meus cults, desde sempre. Vai demorar o próximo, Quentin? Nota 10.


Chegou às locadoras, semana passada, a Quarta Temporada de A Sete Palmos. O que esperar de uma série que aborda o dia-a-dia de uma família de agentes funerários? Em que a matriarca viúva e sessentona se revela uma ninfomaníaca voraz, o protagonista faz coisas tão naturais como receber um blow-job do encanador, a caçula começa a experimentar todas as drogas que aparecem para dar vazão aos seus dotes artísticos, e em que os melhores episódios são encerrados com Radiohead e Arcade Fire no letreiro? Sem trocadilhos, é algo fora de série. Brabo vai ser ter de esperar até o ano que vem pela temporada derradeira. E agora, baixo ou não? Nota 9 (dois ou três episódios chegam a 10).


Quem quiser conhecer o novo James Bod pode alugar sem medo Amor Obsessivo. O tal Daniel Craig é mais ator que Pierce Brosnan e Timothy Dalton juntos e não deve fazer feio na franquia. Esta pequena produção britânica foi pouquíssimo comentada mas é um colírio para os olhos. Legalzão. Nota 7.

Craig também está em Nem Tudo é o que Parece, tradução um tanto monga para Layer Cake. O filme tem a direção de Matthew Vaughan, produtor e amigo íntimo de Guy Ritchie. Não é tão cool quanto Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes ou Snatch, mas tem lá o seu valor. Nota 7.

Fui pronto pra detestar A Casa de Cera. Céus, outro remake de terror? Paris Hilton? Hip hop na trilha? Tudo parecia conspirar contra. Mas não é que essa produçãozinha maldita me pegou? Até a metade é aquela droga de sempre (galerinha-insuportável-de-playboys-e-patricinhas invadindo o terreno de caipiras-ameaçadores-de-dentes-podres-e-caminhonetes-idem) mas lá pelos 40 minutos o filme engata uma quinta e não pára mais. O grande xodó é a encenação das mortes. Tem de tudo aqui, e as coisas acontecem com a velocidade e uma capacidade de surpreender que a gente não vê com muita freqüência no gênero. Arroz, feijão, bife, ovo frito e salada verde pros amantes do terror. Nota 6,5.

Fodidaço após tomar da mulher e dos filhos um homérico pé na bunda, o vendedor de móveis Samuel Bicke deposita todos os seus problemas na figura do então presidente Richard Nixon. Decidido a se vingar, ele decide armar um plano mirabolante para assassiná-lo. O Assassinato de um Presidente, estréia de Niels Mueller atrás das câmeras, é baseado na história verídica de um homem que, em 1974, tentou raptar um avião para fazê-lo colidir contra a Casa Branca. O filme é um retrato verdadeiro de como o desespero pode nos tomar por completo, e do quão falho é o conceito de "sonho americano". Mergulhando fundo na nóia, Bicke realmente se enxerga como um anjo vingador (não dá pra não lembrar de Taxi Driver) numa época em que a América perdia por completo a sua inocência. Eram os anos do Vietnã e da ameaça da Guerra Fria, de crises petrolíferas, escândalos e corrupção política. O rosto de Nixon estava onipresente em todos os televisores, todo o tempo - daí a descontrolada antipatia do anti-herói pela bochechuda figura do querido. Sean Penn, um ator sempre interessante, talvez mostre aqui o seu melhor trabalho: seja tentando uma aproximação com a ex (Naomi Watts, com quem contracenou em 21 Gramas) ou pedindo arrego no banco, ele tá assustadoramente vulnerável, quase chinelão, diferente de qualquer personagem que já encarnou. A melhor atuação que vi este ano. E aquele bigodinho ficou escroto! Nota 7,5.

Quando é que a gente realmente se liga que está assistindo a um filme ruim? Às vezes acontece quando os atores não param de falar asneira, e proferir frases de efeito forçadésimas, como se estivessem interpretando Shakespeare. Noutras, são os efeitos visuais capengas e fora de hora que põem toda a credibilidade da história por água abaixo. E há ainda aqueles "de terror" quando o roteirista se permite cair na armadilha de clichês batidíssimos, como passar a mão no espelho embaçado e enxergar o tinhoso. Horror em Amityville, a enésima refilmagem de um clássico do horror tem tudo isso e mais. Ou seria menos? Literalmente, um horror. Triste fim para a Metro Golwyn-Mayer (que depois seria comprada pela Sony). Nota 5.

Plano de Vôo podia ser bem melhor se o diretor, um desconhecido aí, não quisesse se fazer passar por David Fincher O TEMPO INTEIRO. Como está, é um Supercine de luxo - Jodie Foster pode até declamar o encarte do Babado Novo que a gente vai aplaudir em pé. Mas a experiência final é a de ter-se deixado enganar. Nota 6,5.

Concebido pelo meu diretor favorito, Dr. Fantástico (1964) foi um dos muitos que vi aos meus 11 ou 12 anos. Não entendi muito dele àquela época. Agora, homem feito (ui...), finalmente me esbaldei com tanta genialidade, tanto nonsense, tantos bons atores. Esse Peter Sellers era um gênio tão grande quanto Kubrick. E George C. Scott, então? Que monstro! Cara, até o Sterling Hayden deixa de ser canastra pelas mãos do Stanley! Bah!! Nota 9,5.

É possível fazer um filme de terror em pleno deserto, com apenas quatro personagens? Eis o maior feito de Wolf Creek, uma modesta fita australiana: a economia de recursos, que aliada à criatividade da equipe de produção resulta numa obra diferente e razoavelmente assustadora. Duas minas e um cara atravessam a Austrália e se divertem como nunca em 40 minutos de filme: dormem sob as estrelas, fumam um (er... vários), até uma putaria se anuncia. E então os mochileiros chegam ao Parque Nacional Wolf Creek, um ponto turístico real que sofreu simplesmente o maior impacto de meteoro no planeta. Eles decidem explorar a área e, não demora muito, o assassino se revela. Aí é pauleira total. Panicomaníacos certamente vão estranhar a crueza da produção; aqui quase não há sustos, assassinos mascarados, gatos pretos ou grandes revelações; a sensação que nos acompanha é a de ver algo que sabemos que vai nos aterrorizar, a necessidade de sobreviver e arranjar um jeito de fugir. Não é um filme isento de defeitos (o final anticlimático é um bom exemplo), mas cumpre o seu papel com louvor. Nota 7.

Pretensioso, chato, datado, sem força dramática ou comunicação com o público, Sal de Prata é uma prova viva de que a teoria é muito, mas muito diferente da prática. Gerbase pode ser um bom professor de Cinema na nossa PUC-RS, mas mesmo os seus alunos mais desinteressados devem ter caído na gargalhada ao assistirem a este seu novo longa "sério", depois do fraco Tolerância. Decidido a contar os bastidores de uma produção cinematográfica, ele toca em assuntos que pouco interessam ao espectador comum, como a substância química do título (usada pelos cineastas para deixar a película sensível à luz. Pode até ser algo interessante para nós, amantes da sétima arte, mas a forma como o cineasta expõe isso é broxante). A forçação de barra é tamanha que praticamente todos os cenários exibem pôsteres cults, câmeras ou uma daquelas cadeiras de diretor. Será que Gerbase realmente acha que tem talento? Jorge Furtado, então, é o novo Billy Wilder! Nota 3.

No fone: Grandaddy - "Summer it's Gone"

3 comentários:

Anônimo disse...

E esse é o velho 6. Esse casa de cera além de quentíssimo, tem um quê de Funhouse misturado com Chainsaw Massacre. Quando vi dei 6 e tu até que aumentou, veremos no dia 08/07 de novo. Será 6,5 ou não...
missi

Anônimo disse...

Queri..li tudo, tudinho mess... buscarei atualisações urgente- mente! saudadessssssssssss muitas
bj
Giana

Anônimo disse...

te amo
mas deixa de ser nerd e nos dá masi atenção tá meu amoooooood
hehehehe