5/22/2006

Charmutas, missões, alicates e... Pi

Quer passar dois dias angustiantes ao lado de uma dupla de homens-bomba palestinos? Então teu destino é Paradise Now - feito com dinheiro holandês, francês e alemão, mas de alma palestina. É um filmezinho todo falado em árabe e que nos provoca reações diversas ao retratar as motivações psicológicas, religiosas e e éticas dos dois pretensos suicidas, que levarão (ou não) a uma bombástica missão suicida em Tel-Aviv. O diretor aqui tem uma missão que Tom Cruise nenhum conseguiria dar cabo: explicar o inexplicável. Há algumas coisas reveladoras para nós aqui do lado do oceano, entre elas a ciculação de vídeos-testamentos pelas locadoras das vizinhanças. Um cinema abertamente político. Isto, meus amigos, se chama coragem. Nota 8.

Falando no superastro de dentes branquinhos e risonhos, seu Missão: Impossível III tem pelo menos uma cena marcante: essa aí, a emboscada na ponte. Balas zunindo, jatos supersônicos em rasantes mortais, furgões explodindo a rodo e Tom Cruise correndo e pulando e rodopiando pra dedéu: tem de tudo nessa louca seqüência, que por si já justifica a contratação de J.J. Abrams (Lost) no comando de uma das séries mais rentáveis do cinema. Nenhum desses petardos de ação, porém, chega aos pés do que Brian DePalma fez no longa de estréia, onde Ethan Hunt segurava um silêncio absoluto da platéia ao pendurar-se em fios naquela sala ultra-secreta pra roubar um disco ultra-secreto com informações ultra-secretas. E toda aquela seqüência final do 2, então, em que John Woo promoveu um desfile carnavalesco com motos, carros e helicópteros em alta velocidade? Que loucura. O terceiro filme ganha pontos pelo menos num quesito: nenhum dos vilões anteriores chega aos pés de Philip Seymour Hoffman. No fundo (no raso mesmo!), a gente torce é por ele. Legal também a sacada de Abrams em botar Simon Pegg (o Shaun em pessoa) numa função de peso. Nota 7,5.

Assim como Um Drink no Inferno, O Albergue é um 'dois em um' de foder. A primeira metade mostra três amigos divertindo-se como nunca pela Europa em aventuras regadas a muito trago, ecstasy, marijuana e big teets. A catarse é tamanha que somos brindados até com o Tarantino em carne-e-osso, num papel minúsculo e de uma única fala. E então vem o grande filé deste segundo longa de Eli Roth (do também bom Cabana do Inferno): uma infinidade de membros decepados/queimados/torcidos/quebrados por maçaricos/furadeiras/bisturis/motosserras/instrumentos medievais de tortura. Brrrrrr... Roth não tem medo de sangue, sexo ou incorreção política. E imprime uma charmosa atmosfera anos 70/80 - como os créditos de abertura com "Starring" em cima do nome dos atores. Mesmo com aqueles dez minutos finais de muitos excessos, o produto acaba soando superior a todos os 'terrores' que têm entrado em cartaz. A equipe já prepara uma seqüência, e a franquia promete ainda muito sangue. Te cuida, Jogos Mortais. Nota 7,5.

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Pi (1998) é um sonho que se realiza. A estréia de Darren Aronofsky (que ganharia o mundo com Réquiem para um Sonho) chegou ao Brasil com quatro anos de atraso, e poucas locadoras se interessaram em adquirir o DVD meses depois. A própria Europa Filmes não acreditou no potencial do filme. Filme independente, preto-e-branco, intelectualóide? Nã. Não vai locar. Humpf... idiotas. Mal sabem eles que esta salada em p&b granulado de filosofia, expressionismo, ficção-científica, Torá, economia e loucura é tudo aquilo que esses fanzocas de Dan Brown poderiam pedir a Alá. Adquiri-o num muito bem-vindo relançamento pela Saraiva. E delirei. Pede uma segunda espiada esse Pi, até porque, o que se poderia esperar duma produçãozinha de R$ 60 mil cujo protagonista vê a matemática como a língua da natureza, e que vive somente para buscar um padrão nos dígitos quilométricos do mais misterioso dos números? Aronofsky filma tudo isso com um olho de cinema; a gente sente o cérebro pulsar durante toda a sessão. Nunca tive tanto respeito por essa coisa medonha chamada Matemática, e parece que seu grande mérito é mesmo esse. Pobrezinho de Uma Mente Brilhante. Não-pensantes, não assistam. Nota 9.

No fone: Sufjan Stevens - "The One I Love (R.E.M. Cover)"

3 comentários:

Anônimo disse...

Tava louco para ver Paradise Now e Pesadelo Mortal. Mas agor quero ver o PIIIII!

Anônimo disse...

o albergue é bom mesmo. me lembrou um filme que n recordo o nome, com o ice t, de caçada humana. mas com mais sangue e mulheres bonitas.

o missão impossível n pretendo assistir. sou fãde lost e n quero pegar bronca do diretor. hehe

o pi eu tb pensei na hora em como uma mente brilhante podia ter sido melhor. e é sufocante em alguns momentos, baita filmão.

abração, moço, continue colocando suas impressões cinematográficas aqui, é sempre bom ter uma dica de o q ver ou comentar o q já se viu.

Anônimo disse...

nogos por aí....