2/08/2006

Berguinha

Se filmes não falados em inglês indicados ao Oscar principal são quase uma lenda, como é que algo tão pesado, intimista e não-hollywoodiano como Gritos e Sussurros (1973), de Ingmar Bergman, pode ter concorrido aos prêmios de melhor filme e diretor?
Vejamos... Hmmm...
...Bem, a Academia pode ter sido atraída por um quarteto de atrizes i-nex-pli-cá-vel. Liv Ulmann, Kari Sylwan, Ingrid Thulin e a melhor delas, Harriet Anderson, mostram que um mesmo longa pode reunir não duas ou três, mas quatro interpretações femininas de cortar o coração.
...Seria então o visual elegantésimo, com figurinos e cenografia a la White Stripes (estourando no vermelho, branco e preto) a ter enfeitiçado os eleitores mais quadrados do planeta? Há uma só cena externa, perto do final - todo o resto é narrado entre quatro paredes. Acreditem, não é nada chato.
...O melhor de tudo, porém, é mesmo a grande história contada por Bergman. Em uma hora e meia de projeção há doses cavalares de dor, sofrimento e amor verdadeiro, fazendo-nos pensar que o dia em que os EUA vão saber fazer isso direitinho está cada vez mais longe.
Tudo se desenrola numa casa de campo. Anna (Kari) é a criada que nutre um amor profundo por Agnes, que tá fodidaça na cama (como tossia, aquela mulher!). As irmãs desta, a fogosa Maria (Liv) e a reprimida Karin (Ingrid) vão lhe fazer companhia em seus momentos finais. Até lá, é uma gritaria desgraçada. A tal Agnes sofre como jamais um personagem sofreu, e a gente não é poupado de coisas agradáveis como vômitos no balde, navalhadas na xexeca e berros lancinantes de dor.
Tão logo encerrada a sessão, os sussurros do título ficam é conosco: "obrigado, Lumière! obrigado!". Nota 9,5.

No fone: R.E.M. - "Everybody Hurts"

Um comentário:

Anônimo disse...

qdo tu viu isso? navalhadas na xexeca? preciso ser mais severa contigo ...