Sou um cara dos mais pacientes, mas Michelangelo Antonioni me deixa com o crânio exausto, saindo fumacinha. Dele, só tinha visto Zabriskie Point na TV a cabo e na época, apesar de não entender muita coisa, teve lá a sua graça. Arrisquei agora Blow Up - Depois daquele Beijo, tida por muitos como a obra máxima do "poeta do tédio" (não sou eu quem diz!). O ritmo é leeeeeeeeeeeento, leeeeeeeeeento, leeeeeeento, e a linguagem recheada de simbolismos só contribui pra gente ficar se remoendo na poltrona. Um porre - mas bacanão por antecipar, em plena era do liberalismo, a presente idéia coletiva de que sexo, drogas e rock'n'roll podem ser assuntos mais interessantes que a morte de alguém. A edição da cena em que se descobre o assassinato é genial, os Yardbirds quebrando uma guitarra ficou massa, mas o melhor de tudo é a Vanessa Redgrave sentada no sofá, fumando um e curtindo um jazz. Mesmo assim, ainda sou mais o Blow Out do De Palma. Nota 7,5.
Se o mundo aprendeu a cultuar Akira Kurosawa, é bom lembrar que faz uma cara que o Japão produz outros bons nomes de cinema. Não conheço muitos deles, já aviso de antemão; mas, se depender de descobertas como esse Seijin Suzuki, vai valer a pena tentar. Se lá fora o homem é veneradaço, aqui no Brasil ninguém dá um tostão furado por ele. Seu ultracool Tóquio Violenta é um Kill Bill da era paleolítica. Cinemático ao extremo, Tokyo Nagaremono/Tokyo Drifter tem diálogos espirituosos, muita ironia, óculos escuros, engravatados de espada na mão, tema musical com assobios, e ainda toca um pa-para-para-pááá! quando os personagens aparecem. É mais do que óbvio que o Quentin ama esse aqui. Puta surpresa. Nota 8,5.No fone: Sigur Rós - "Hoppíppola"
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